segunda-feira, 30 de abril de 2012

Direito de resposta

Este post é uma resposta ao texto publicado no site da Redbull -SKATERS E LONGBOARDERS: ELES NÃO SE ENCAIXAM! - http://www.redbull.com.br/cs/Satellite/pt_BR/Article/SKATERS-e-LONGBOARDERS--Eles-n%C3%A3o-se-encaixam--021243200396459 - que consideramos fruto de total falta de informação e conhecimento, e que não expressa o pensamento de todos os skaters (seja qual  for o tamanho do deck) e o que é pior, incita um dos piores sentimentos do homem: o preconceito.     

Volta e meia aparecem discursos levantado bandeiras separatistas entre Longboarders e Skaters. Infelizmente, ainda habita em algumas cabeças uma mentalidade segregadora com a intenção de trazer à tona a antiga ideia de "Locals Only". 

A expressão mais clara que podemos usar, após leitura do artigo mencionado é: "quanta ignorância!". É esta falta de conhecimento e escassez de sabedoria que determinam as regras deste jogo (dos segregadores) que, pelo visto, não acabou com o século passado.

É fato que no início da década de 1960, os surfistas da Califórnia, na cidade de Los Angeles, queriam fazer das pranchas um divertimento também nas ruas, em uma época de marés baixas e seca na região. Inicialmente, a nova "maneira de surfar" foi chamada de sidewalk surf. Em 1965, surgiram os primeiros campeonatos, mas o Skate só obteve reconhecimento e popularidade uma década depois, devido aos lendários Z-Boys da, também, lendária equipe Zephyr. 

Ainda em 1965, Clifford Coleman, o Cliff, um californiano de Berkeley, juntamente com seus amigos começaram a desenvolver o que chamamos de downhill-slide nas ladeiras de seu bairro. O skate e o downhill-slide nasceram na mesma época e eram praticados com o mesmo tipo de setup, que só depois foram evoluindo para se adaptar as necessidades de cada modalidade.

Voltando os olhares para algumas raízes, as manobras resgatadas por Adam Colton e Adam Stokolvisk, chamadas de dancing são uma releitura do boardwalking no surf. Passado e presente, Surf e Skate fizeram nascer não só Skate Longoard mas o Skate em sua totalidade, que com o passar do tempo e o surgimento de novas  tecnologias deram aos industriais a possibilidade de desenvolver novas peças e equipamentos,  criando novos tipos e, consequentemente, novas modalidades de Skate.

Assim como irmãos que se separam em razão da busca por uma carreira profissional diferente, o Skate se dividiu e se subdividiu, chegando ao século 21 com um leque de opções inimagináveis para as décadas anteriores.

Entretanto, acreditamos que esta divisão não deva ser uma desculpa para segregar pessoas ou criar esteriótipos folclóricos, como incita  Philipp Schulte em seu texto , mas, sim para construir uma comunidade maior e mais forte, criando novas amizades, mais diversão e, principalmente, incentivando o senso de civilidade.  

Nada deve impedir seu conhecimento ou apagar a história, ela está ai para ser vista e contada. Cada um de nós pode ou não escolher um tipo de modalidade de skate para praticar, vários amigos escolheram não escolher e ao praticarem várias, nos fornecem a prova cabal de que skate é skate, não importa o tamanho!
   
O novo e o velho também estão presentes em todas as modalidades de skate, seja em manobras, no estilo, na construção ou matéria prima de produtos, enfim, para nós do EuAmoLongboard skate é tudo e tudo é skate. Estamos em todos os lugares, seja na rua, numa praça, num bowl, numa ladeira, na calçada, skate park, sobre um deck pequeno ou grande, com trucks invertidos ou não, rodas pequenas, grandes, moles ou duras... fazendo as manobras que exigem muita técnica ou simplesmente um "push". 

Nós incentivamos qualquer um a andar de skate (repetindo: seja qual for o tamanho) e abandonar a ignorância e o preconceito que se coloca a frente dos principais valores dos verdadeiros skaters. Caso você que escreveu (ou concorda com) esta matéria esteja se perguntando quais seriam estes valores, pergunte-se porque você anda de Skate!

Se procurarmos, com profundidade ( e não com superficialidade e preconceito como mostrou a matéria de Philip Schulte), vamos perceber que nos encaixamos, perfeitamente, como peças de um quebra-cabeça, pois no fim remamos para a mesma direção: respeito, amizade, cumplicidade, diversão e solidariedade.

É inconcebível achar que alguns centímetros de deck devam gerar tanta distância entre pessoas cujo esporte que praticam nasceu para combater este preconceito do qual estamos sendo vítimas.

Os autores deste blog têm várias idades, profissões diversas e vários amigos em todas as modalidades de skate. Raramente pegam gripe porque se sentem extremamente felizes quando vêem o número de skaters crescendo, não se  preocupam com a escolha do tamanho do deck de ninguém, porque estão mais preocupados em se divertir.