terça-feira, 12 de março de 2013

Skate é um meio de transporte?

Se o skate também é um meio de transporte? Aqui no EAL ninguém tem dúvida disso! Mas se agora mudarmos a direção da pergunta para um leigo? Talvez ele não esteja tão certo disso e a resposta pode ser, "Não, é apenas um brinquedo, um lazer!"

Assim como a bike, o skate vem se tornando uma alternativa ao automóvel que a cada dia se torna mais estressante por conta do trânsito, dificuldade de estacionamento, custo de manutenção e inúmeros fatores que nem preciso citar. O skate é ainda mais barato quando colocado ao lado das bicicletas, seja na hora da compra ou manutenção.

Foto: Ricardo Duarte / Agencia RBS

Em nosso país o skate ainda é visto como um brinquedo, pela grande maioria. Já em outras terras a visão é mais ampla e o incentivo do skate como meio de transporte aumenta como uma simples e efetiva alternativa para integrar soluções de mobilidade. 

Em Portland, nos Estados Unidos, cidade que carrega a fama de uma das melhores para se pedalar na costa oeste americana, não só possui uma rede de ciclovias e pontes acessíveis para ciclistas, como possui rotas de skate para que os decks também sejam utilizados como meio de transporte.



Já em Copenhague, capital da Dinamarca, há 50 anos o objetivo da cidade é ser verdadeiramente boa para seus moradores. A criação de áreas de lazer que contemplem o maior número possível de atividades – natação, ciclismo, corrida, skate em velocidade, skate com manobras, etc – está entre suas prioridades.


Em várias partes do globo cidades estão se adequando a uma nova mentalidade, remodelando espaços e aperfeiçoando ideias para integrar áreas de lazer e vias de locomoção. Pedestres dividem o espaço com bicicletas, patinetes, patins e skates. Em Nova Iorque, a ciclovia do Rio Hudson faz questão de mostrar que as ciclovias permitem uma intermodalidade de veículos não motorizados.



Para melhorarmos a qualidade de vida em nossas cidades é importante optarmos, nem que seja de vez em quando, por meios alternativos de transporte e exigirmos das autoridades estrutura para isso. Transporte coletivo eficiente e condições melhores para o transporte alternativo tem que caminhar juntos. Uma vez tentando, muitas pessoas pegaram o gosto e agora não se veem mais usando carros em trajetos que antes eram indispensáveis.


Infelizmente, no Brasil a lentidão demasiada para se tomar decisões acaba atrapalhando e colocando à margem um problema enfrentado pelo skate no meio desta sopa de asfalto. Pelo Código de Trânsito Brasileiro, skate não é veículo. Bicicleta, ciclomotor, motoneta, triciclo, quadriciclo e até charrete são considerados veículos pelo Código de Trânsito Brasileiro. O skate, não. Isto é um problema?

Sim, temos um problema. Quando um assunto não está claro o suficiente é mais difícil resolvê-lo. A depender da interpretação, o skatista pode ser equiparado tanto ao pedestre quanto ao ciclista. Existe ainda o entendimento que o skate não atende a requisitos básicos de segurança e deve ser proibido.

A CBSK (Confederação Brasileira de Skate) discorda e pede que sejam aplicadas aos skatistas regras similares às dos ciclistas. É o que ocorre em Nova York, onde a regulamentação não apenas dá o direito de circular nas vias mas também impõe deveres. O skatista nova-iorquino deve seguir no mesmo sentido do tráfego e usar roupas reflexivas à noite. E pode ser multado se andar de modo imprudente.

Não tenho medo de uma legislação para o skate, impedi-lo é caminhar na contra mão do mundo. Enquanto estivermos à margem estaremos sempre com nossos direitos em risco, com uma legislação vamos saber contra quem temos que lutar e quem irá nos apoiar. Hoje, infelizmente, somos alvo de todos os tipos de ataques. Acredito na equiparação com a bicicleta e uma consciência da população em geral quanto ao skate como ferramente de mobilidade urbana.


Vejo um futuro muito promissor quando converso sobre o skate como um meio de transporte consciente e consistente. Diferente das gerações passadas, as novas vem se motivando ao uso cada vez mais restrito do automóvel. Por vezes vejo uma luz "no fim da ciclovia" que vai se transformando em corredor de transporte alternativo aonde vão conviver bikes, patins, skates e etc. Iremos chegar ao nosso destino com menos impacto ao meio ambiente e com mais saúde.

Talvez uma das ações seja promover realmente uma integração e um compromisso entre patinadores (skaters e rollers) e ciclistas. A união destas forças pode ser capaz de aumentar a pressão sobre órgãos públicos e acelerar  mudanças na estrutura e regulamentação, principalmente quando tratamos da questão da segurança. 

Deixe seu carro em casa e descubra a sua cidade. 
Pense nisso!




Fontes de pesquisa: