sexta-feira, 11 de julho de 2014

[Coluna] Skate e naves espaciais

O tempo passa e repassa a história que hoje vê o skate amadurecido e aceito. Obvio que não amadureceu sozinho, as pessoas amadureceram e passaram a enxerga-lo de forma mais profunda, não aquela rasa e reacionária de décadas atrás. Assim chegamos à era da democracia do skate, do skate para todos! Seja como meio de transporte, esporte, diversão ou um instrumento para manter o corpo em forma.



Se isso é bom ou ruim? Nem penso mais sobre isso, afinal, essa discussão vai longe. Muitos viram a cara e falam que o skate virou moda, que não é lugar para meninas e que dependendo do tamanho não é skate. Na minha humilde opinião um pensamento de pelo menos um século atrás. O discurso muitas vezes passa por duas interrogações sobre o que é melhor. O skate massificado? Ou à volta as raízes? Talvez devêssemos pensar sempre em um meio termo, afinal não dá para ser adolescente pelo resto da vida. Radicalismo é melhor deixar para a Jihad Islâmica.


Nas minhas andanças pela internet acabo pesquisando muita coisa e fiquei surpreso recentemente pela quantidade de produtos voltados para os amantes deste esporte. Designers criam desde cadeiras e sofás até prendedor de papel higiênico na forma de deck! São muitos produtos para agradar a variedade de gosto e a profundidade do bolso. É só escolher. Pensar que além de ganhar as ruas, ganhamos as casas e as galerias, elas também abrigam obras e fotografias de quem faz arte e história mostrando a diversidade e a longevidade que estas quatro rodinhas podem alcançar.


Apesar de muitos puristas condenarem a forma de como o skate está sendo exposto e explorado precisamos entender que a massificação pode ser benéfica se pudermos ter a capacidade de interpreta-la, aprendendo com os bons e maus exemplos. Dentro do skate não é diferente, uma grande onda de moda tem seu lado bom e também ruim. Basta sabermos conduzir a história com sabedoria, afinal ela está ai para nos ensinar e ser aprendida, não para ser esquecida. Muitos bons frutos e futuros skatistas podem sair desta grande moda, assim como boas marcas que venham desenvolver e contribuir para o crescimento sustentável e inovações tecnológicas. Quem separa o joio do trigo somos nós! Não se esqueça nunca disso.


Tudo o que foi falado acima o skate tira de letra, mas a grande verdade e o meu medo é que ele envelheça, o tempo é o ácido mais corrosivo que tenho conhecimento. O skate e nenhum outro esporte estão livres disso, do desgaste e ostracismo. O tempo passa para tudo e todos. O que temos aqui é a sorte de nos últimos anos conseguirmos ganhar a atenção de inúmeros novos praticantes. No meu ponto de vista, as crianças e adolescentes são os únicos que conseguirão deixar o skate continuar novo. São estes novos e ainda desengonçados petizes que colocam o skate na fonte da juventude a cada dia que passa.


O pior momento para qualquer esporte é quando ele envelhece, isso já aconteceu com o Windsurf que foi resgatado há alguns anos atrás graças a novos praticantes de Freestyle das ilhas de Bonaire, no Caribe. Portanto o objetivo é sempre se reinventar, recriar, refazer, reconstruir, inovar e isso está principalmente nas mãos dos iniciantes, sim destes pequenos padawans apaixonados que por não saberem dos limites experimentam sem medo, porque o erro é simplesmente não tentar novamente após a primeira queda.


Deixem o skate seguir sem regras, sem tamanho, sem roupa ou tênis obrigatórios, deixem o skate ser livre e naturalmente ele seguirá seu caminho em direção à imortalidade. Deixem todos imaginarem que hoje competimos com carros por espaço no asfalto, amanhã competiremos por espaço nas nuvens ao lado de naves espaciais!

Go Skateboarding! Go Longboarding!