Duas lembranças da minha adolescência que permanecem até hoje, Skate e Rock! Sempre andaram juntos e hoje ainda trazem ótimos momentos. Não existia Ipods "back then" e walkmans eram grandes e impossíveis de serem carregados durante o role. Restava, quando possível, o "micro system" pesadão com oito pilhas das grandes que colocávamos perto das sessions embaladas por rock, punk, punk rock...
Os skates gringos eram difíceis de conseguir, viajar para fora do Brasil não era fácil e não tínhamos a facilidade que a internet proporciona nos dia de hoje. O jeito era pedir aos pais ou seus amigos que procurassem lojas, para quem sabe encontrar o que queríamos acima da linha do equador.
Meu primeiro skate: Um Plancton |
Como no Brasil não se importava praticamente nada, o mercado era dominado por modelos nacionais e os piratas. Meu Deus!!! Como eram muitos os produtos piratas de skate nesta época, lembro de ter comprado uma jogo de rodas pretas Tony Alva, em pesquisas nunca encontrei uma roda parecida com aquela. Fui enganado! Por aqui nada de Vans, tênis de skate era Mad Rats, qualquer semelhança é mera coincidência.
Um vídeo de skate era raro, para vê-los nos juntávamos em skate shops da época para ver a cópia da cópia de uma VHS que algum conhecido conseguiu com um amigo. Assim, ficamos conhecendo nossos primeiros heróis do skate, Steve Caballero, Christian Hosoi, Ray Barbee, Tony Alva, Mark Gonzalez, Dave Duncan, Eddie Reategui, Chris Cook, John Thomas, Jeff Hartsel, Craig Jonhson, John Gibson, Lance Moutain, Tony Hawk, Mike Mcgill e etc.
Era a segunda metade da década de oitenta e o estilo “dogtown” estava em baixa, era antigo e a cena dominada por um estilo mais agressivo, longe deste clássico que hoje quarenta anos depois retorna e é valorizado. Nada de namual, hang ten, cross step. Chegávamos na era dos halfs, aéreos, flips, ollies e a invasão das ruas!
Surgia o segundo Big Bang do skate! A procura era por asfalto liso, coisa rara, porque muitas ruas eram de paralelepípedo e somente as avenidas principais tinham um bom asfalto. Celebrávamos quando alguma rua perto de nossas casas era asfaltada, uma ladeira com asfalto novo era um sonho. Numa época de poucos carros podíamos ainda cedo ter espaço e pouco risco para andar de skate pelas ruas.
A construção civil se expandia e também nos aproveitávamos dela. Saíamos em grupo para “pegar emprestado” das obras placas de compensado para fazermos nossas rampas. Era uma época inocente aonde a ordem era estar com os amigos, se divertir e tentar recriar tudo que víamos naqueles vídeos exprimidos dentro das skate shops.
Hoje estamos mais próximos dos quarenta do que dos trinta, vemos um resgate de várias raízes do skate, vemos várias modalidades sendo aceitas e sendo fundidas em um estilo de skate praticamente hibrido. Não existe mais o novo ou velho, aceito ou proibido. Para mim e acredito que para muitos, skate é skate! Hoje mais do que nunca ele é independente e democrático não se importando com tamanho ou quantidade de manobras que se consegue fazer e, nem com o sexo de seu praticante. Enfim o skate se tornou um estado de espírito.
Devo citar um dos maiores responsáveis, pelo menos pra mim, por este link entre passado e futuro, seu nome é Adam Colton. Que se auto intitula: Skater, cineasta de skate, viajante, fotógrafo e que tenta ganhar a vida sendo ele mesmo e fazendo o que ama. Junto com Adam e mais ou tão importante quanto, meu herói dos novos tempos e responsável direto por trazer o skate de volta a minha vida (essa é outra história que fica para mais tarde), meu grande amigo Klaus Duus, parceiro do euamolongboard.com e escudeiro inseparável.
Skate é isso, heróis distantes, amigos próximos, passado, presente e futuro, diversão e amor por simplesmente se manter de pé sobre ele. O resto, aprendemos deslizando sobre a vida.
Foto: Gabriel Klein |