sexta-feira, 3 de julho de 2015

Coluna - Velho antes do tempo

Um dos meus lemas é, seja você mesmo e não aceite mudar pelos outros. Meio adolescente, meio punk, meio idiota, talvez? Mas percebi como as pessoas que reparam e criticam demais as outras nunca tem tempo de cuidar e aproveitar a própria vida. Atribuem o comportamento à idade e a idade aos limites. Aprenderam a arrancar a liberdade dos outros por não saberem ser livres. 

Completo 40 anos em Junho e não tenho muito tempo nem paciência para aqueles que colocam a vida dos outros como prioridade. Já ouvi muitas piadas relacionadas aos meus cabelos brancos e aos meus skates. Ao fato de ser casado e não ostentar uma proeminente pança, em preferir cerveja à champagne e de ser extremamente feliz com o “pouco” que tenho. 




A ironia é que aqueles que me julgam uma pessoa diferente ou estranha são muitas vezes mais novos do que eu. A pergunta em tom de indignação é assim: “Você não é muito velho para andar de skate?” E a minha resposta em tom de indagação é assim: “Você não é muito novo para ter uma cabeça tão velha?” 

Confesso que me espanto com pessoas assim! Porque em sua maioria frequentaram boas escolas, se formaram em ótimas faculdades, estudaram em outros países, falam línguas. Tiveram oportunidade para desfrutar o melhor da vida, mas ao mesmo tempo não aprenderam nada ou quase nada sobre ela. Com tanta sabedoria para construírem estradas acabaram optando por erguer muros. “Sad but true!” 




Sinto que apesar dos 40 ainda me considero mais novo que muitos que me dizem ter 30. A formula é até bem simples e tem a coragem como um ingrediente que poucos conseguem ter para levar a vida mais leve, e leveza é fundamental! Dizem por aí que o corajoso ama do peito para dentro e o covarde da boca para fora. Deve ser por isso que além de coragem devemos ter amor para viver a vida. Portanto ame desesperadamente! 

Despretensiosamente com o passar dos anos acabei remando na direção de algumas vantagens. Ainda não preciso comprar saúde em caixinhas! Não sou escravo do câmbio automático, dos elevadores e das escadas rolantes. Tenho fôlego e disposição para iniciar e encerrar o meu dia sem precisar tomar café para acordar e comprimidos para dormir. 




Nas minhas prioridades estão trabalho, família e skate. Quero ganhar dinheiro, mas não ser escravo dele. Quero sempre estar com minha família nos melhores sorrisos e nas mais doloridas lágrimas. Quero estar sobre o skate pela diversão e não pelo compromisso. 

Assim espero ganhar a cada ano que se vai pelos meus dedos um ano a mais de sabedoria, saúde, energia, e se tudo caminhar bem espero ter longevidade para meus joelhos e tornozelos conseguirem aterrissar suaves e sem dor sempre sobre meu deck. 




Chego ao final deste texto e ao início dos meus 40 anos sabendo que fiz as escolhas certas, porque foram as minhas escolhas. Continuo com o skate embaixo dos meus pés, com minha cabeça aberta, com coração batendo firme e principalmente com a liberdade em minhas mãos. 

Ande de skate, seja livre!