quinta-feira, 21 de novembro de 2013

[Coluna] Click

"Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo, e as pessoas que não têm como presenciar o que acontece." Sebastião Salgado

Imagine se não houvesse nenhuma fotografia nesta página; nada que ilustrasse o skate, e os skaters; imagine que não existissem os fotógrafos.

As fotos além do papel de ilustrar estão além do momento congelado em uma página. Este fragmento de tempo nos faz imaginar o antes e o depois do segundo registrado, para mim é como ver a foto se movendo e eu presenciando a continuação da manobra na minha frente. 

Sebastião Salgado nos inspirou a procurar saber um pouco mais sobre estes profissionais que dão cor e drama aos fatos, inclusive ao skate, que possui uma enorme intimidade com a fotografia e mais que isso, influenciou e ajudou a criar uma sub-cultura que mudou moda, cinema, e outras formas expressão artística.

Todo mundo, ou quase, já assistiu o documentário "Dogtown", mas poucos notaram que a maioria das fotos de ação mostradas no filme são de autoria de Craig Stecyk. Ele trouxe uma nova estética de fotografia, amadorística, e que foi o embrião da fotografia do skate (do it yourself). Ele era um dos garotos da turma que teve a curiosidade de aprender e registrar o que ele e os amigos estavam fazendo. Fez história com seu olhar peculiar sobre uma nova geração, estando no lugar certo, na hora certa. Toda turma tem um Craig!


Outro percussor foi Warren Bolsten. Filho de diplomatas que teve a chance de conhecer boa parte do mundo, na Austrália aprendeu a surfar e andar de skate. De volta aos Estados Unidos seu interesse por fotografia aumentou, resultando no renascimento da SKATEBOARDER MAGAZINE, uma das revistas fundamentais do esporte.


Outros surgiram, damos destaque para Grant Brittain (que na nossa opinião, era mágico nos anos 80 com as fotos de Hosoi, Hawk, Bones Brigade e cia), Andrew Mapstone, Glen E. Friedman (que também pegou os garotos de Dogtown na época das piscinas e era muito próximo de várias bandas de rap e hardcore), Shijeo, Ed Templeton, e vários outros.


Talvez um dos mais conhecidos seja o Spike Jonze, que fez a transição para o cinema com muito sucesso e também fez vídeos históricos com os Beastie Boys (Sabbotage é um clássico).


No longboard, é importante citar o choque que foi conhecer os vídeos e as fotos do Adam Colton, e seu parceiro Adam Stokowski. Não conhecíamos a estética nem as possibilidades, eles apresentaram uma nova luz. Talvez sejam os principais responsáveis pelo renascimento da modalidade dancing e por nos mostrar o melhor lado do skate, a diversão.


Na América do Sul, não podemos deixar e citar Rafael Fazano, Manuela Perez, Coloraa Dottori, e Gabriel Klein.

Vamos ser óbvios, equalizar ambiente, personagem e ação em um click não é tarefa das mais fáceis. Tudo importa e geralmente o micro segundo do momento certo faz a diferença entre a capa da revista e a lixeira do estúdio.

Em conversa com o Gabriel Klein (amigo, colaborador e fotografo), ele nos explicou um pouco do ponto de vista de um fotografo de skate longboard. Segundo ele, as dinâmicas envolvidas no esporte (velocidade, ângulo, distância), o desafiam a melhorar mais e mais, pois cada foto é diferente, assim como o atleta.


Klein aponta a diversidade e as novas idéias que surgem desta ausência de padrões como algo positivo e interessante que ajuda a arte a evoluir. O básico é a iluminação e o enquadramento, que bem feitos e bem pensados, fazem toda a diferença.

Outra sugestão importante, é estudar as fotos que gosta, tentar imaginar como foi feita, e aprender as técnicas. Backlight, fish eye, motor velocity, black&white. Tudo isso tem que ficar marcado na cabeça, pois são ferramentas importantes para a produção das fotos.

Mas o principal de tudo, é pegar uma máquina, estudar o que lhe for possível e registrar os seus momentos. A tecnologia está ao nosso lado e dividir os momentos ficou mais fácil; Facebook, Instagram, Flickr, ou mesmo os blogs. Ou seja, qualquer tecnologia que ajude a registrar e dividir melhor o que gostamos e assim levar a foto até quem não pôde estar lá.

Na próxima session, lembre-se de que a máquina fotográfica é parte importante de toda aventura. Leve-a e click.